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Os Paradoxos

Vivemos claramente uma época de paradoxos. Hoje ou somos woke ou anti-woke. Ou somos bestiais ou animalescos, ou boas pessoas ou valentes trastes.

Na verdade somos uma bela mistura de isso tudo dependendo do sentido de oportunidade. Disseram-me uma vez que na família tudo era permitido e podia-se levar com todo o lixo e tratar mal porque o parentesco aguenta, mas para os de fora, teriamos de ser afáveis. O mundo das máscaras é demasiado obvio para nos deixarmos enganar, e no entanto somos levados.

Então ter opinião hoje é o grande pecado capital. Confude-se critica com discernimento. Se dizemos bem somos os tais bestiais mas caso não concordemos com algo devemos manter-nos calados e não ter qualquer discurso que emite aquilo que se considera negativo.

A frase que mais ouço na minha vida é: és sempre igual a ti mesmo!

E isto não são duas ou três pessoas, são bastantes. Este insulto mascarado de elogio deixa-me super tranquilo porque o meu objetivo sempre foi nunca me desviar de quem sou e ter noção que não vou agradar a ninguém só para que o outro fique confortável. Até porque... há opções!

Se eu não concordar com alguém é porque tenho falta de amor, logo eu " que me digo muito espiritual"! Na verdade nunca disse. Aquilo que eu acho de mim mesmo guardo solenemente para mim e nunca ninguém o ouviu da minha boca. Se em algum momento discordar de alguém, não gostar de uma música e exercer o meu direito a dizê-lo, se achar que um ideal politico choca com o "ser igual a mim mesmo" e o expressar, então devo estar calado?

Vamos colocar aqui uma linha clara entre discernimento e critica insultuosa. Não tenho o direito de magoar ninguém, de insultar ninguém ou dizer barbaridades aleatórias. Mas tenho todo o desejo e vontade de me expressar livremente com a noção de respeito e ética. Devo a mim mesmo cultivar a forma como o expresso, pesar cada palavra que o veicula e ter a humildade de saber que erro e posso facilmente ser o tal ser animalesco.

Reservo-me também o direito de ser somente cordial com descohecidos mas não gostar que me tratem pela segunda pessoa do singular. Questiono quando alguém invade a minha zona profissional para me perguntar como é que estou, sem sequer saber a razão dessa pergunta. A quem me permitiu e eu permiti intimidade, o céu é o limite. A abertura é completa. Houve já muita gente próxima (bem, eu achei que era proxima) com quem fui talvez demasiado honesto e deveria ter sido somente cordial. Nessa altura ainda achava que estaria a impulsionar esses "amigos" na sua evolução. Mas fui o ser animalesco e voltei à toca de onde não voltei a sair. Agora vivo nessa toca bem iluminada com uma comunidade que me conhece e onde quase sabe quem eu sou.

 
 
 

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